domingo, 28 de dezembro de 2008

Generación Y



Eleita pela revista Time como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo, e ganhadora do prêmio Ortega y Gasset de jornalismo digital, Yoani Sánchez, uma cubana de 32 anos, filha de militantes frustrados da Juventude Comunista e depois do Partido Comunista, esposa de Reinaldo, jornalista de profissão, que escrevia para o jornal Juventud Rebelde, do qual foi expurgado em 1988 (o ex-jornalista é hoje mecânico de elevadores soviéticos) e mãe de um filho de 13 anos (Teo), que não tem direito a merenda escolar no curso secundário. Yoani Sánchez é filóloga. Também quis ser jornalista, mas desistiu do ofício num país “onde um jornalista se dedica a repetir como um papagaio do que dizem as autoridades”.

Em pouco mais de um ano, o Generación Y, blog de Yoani, recebeu mais de 170 mil comentários de leitores espalhados pelo mundo inteiro. Traduzido para 14 idiomas, o blog pode ser conferido em versão português.

Acesse: http://desdecuba.com/generaciony_pt/

"Geração Y é um Blog inspirado por pessoas como eu, com nomes que começam ou contem um ípsilon. Nascidos em Cuba, nos anos 70s e 80s, marcados pelas escolas da paisagem rural, bonequinhos russos, emigração ilegal e frustração. Por isso, convidamos especialmente Yanisleidi, Yoandri, Yusimí, Yuniesky e outros que arrastam os seus ípsilons, para ler e escrever para mim".

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A internet e o declínio dos jornais

"Ainda não é o momento de obter lucro com jornalismo na internet, é hora de investir." A frase, dita pelo jornalista e professor da Universidade do Texas Rosental Calmon Alves, ecoou forte no auditório da Universidade do Minho, em Braga, Portugal, durante as Jornadas dos Dez Anos de Jornalismo Digital em Portugal.

Experiente homem de imprensa, Rosental profetiza o fim do jornal de papel tal como o conhecemos. E provoca: "O futuro é a internet. Não podemos ter medo de canibalizar o jornal. Ele vai afundar. É o que chamo de mediacídio: a morte lenta da mídia tradicional. E não estou preocupado com o fim do jornal. Preocupo-me com o futuro do jornalismo".

Rosental faz questão de ressaltar que o desastre provocado pela especulação em torno das ações das empresas pontocom, que desestimulou investimentos na rede, já virou passado e quem continuar no caminho de não investir na web sairá do mercado.

Para ele, as empresas devem entender que o jornal precisa fazer a transição do modelo de produto para o de serviço. "Um produto é algo estático, é uma coisa concreta que você pega e leva para casa, já um serviço é uma coisa dinâmica, que serve ao leitor, no telefone celular, no computador, onde seja que a pessoa quer ter a notícia."

Diretor da Cátedra Knight em Jornalismo, da Universidade do Texas, em Austin (EUA), Rosental também acredita que a mídia precisa aprender a dialogar. "O jornal perdeu o poder de mediação e agora tem que se sujeitar ao julgamento dos milhões de pessoas que estão conectadas e podem ter voz ativa por meio de redes de comunicação", afirma.

O jornalista diz que "hoje os usuários veem, ouvem e leem o que querem". O fato de as pessoas poderem escolher onde consumir informação é um enorme desafio e um grande problema para as empresas produtoras de notícias. Elas concorrem com sites que oferecem inúmeras opções, não necessariamente jornalísticas. O grande questionamento que ele deixa é como evitar que a verba publicitária seja desviada para sites que podem ter qualquer tipo de conteúdo. A dúvida ficou no ar, sem resposta.

Texto publicado no Observatório da Imprensa em 6/6/2005

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A troncha lei das rádios comunitárias

A Lei 9.612, que institui o serviço de radiodifusão comunitária, completou 10 anos em fevereiro de 2008. Contudo, de acordo com a Associação Brasileira de radiodifusão Comunitária (Abraço), apenas em 2007, mais de 2000 emissoras foram fechadas em operações da Polícia Federal e da Agencia nacional de Telecomunicações (Anatel). A Abraço estima que haja algo em torno de 10 a 15 mil rádios caladas, aguardando o burocrático processo de autorização para funcionar. Além disso, a maior parte das 3000 emissoras autorizadas a funcionar estão subordinadas a interesses financeiros, políticos ou religiosos.

O jornalista Dioclésio Luz faz parte do coletivo de formação da Abraço e é autor de dois livros sobre radiodifusão comunitária. No mês de aniversário da Lei 9.612 ele publicou o artigo “Os 10 anos de uma Lei troncha”.

"No dia 28 de janeiro de 1998, a triste figura de Antonio Carlos Magalhães, absolutamente tranqüilo, presidia o Senado.
O ex-coronelzão baiano, ex-governador biônico, ex-ministro das Comunicações no governo Sarney, ex-Arena, PFL convicto, às 19h33 aprovou o projeto que regulamenta o Serviço de Radiodifusão Comunitária. Por que ACM não bradou aos céus e aos infernos contra essa proposta? Porque era a lei que ele queria".


Clique aqui para ler o artigo completo

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A TV Digital e suas implicações


A implantação de um Sistema Brasileiro de TV Digital não implica, somente, no fim dos “fantasmas” e “chuviscos” nas televisões. A TV Digital transforma cada minúsculo elemento da cena e do som em um número binário formado somente por zeros (0) e uns (1); é a mesma linguagem tecnológica dos computadores. Não há dúvidas que uma das maiores mudanças a partir do advento da TV Digital será o aumento na oferta de programações. Resta saber se este aumento implicará na entrada de novos atores na comunicação social; se ele garantirá o surgimento de emissoras de âmbito local e regional de caráter essencialmente público; ou se o advento da TV Digital no Brasil contribuirá para a continuidade da prevalência dos interesses privados em detrimento do interesse público no Brasil.
Atualmente, no Brasil, as Organizações Globo detêm 32 concessões de TV comercial, onze em São Paulo (28% do total), e possuem 113 afiliadas no país, obtendo 54% da audiência e da verba publicitária (R$ 1,59 bilhão em 2002). O SBT, da família Abravanel, possui 10 emissoras e 100 afiliadas, que atingem 24% da audiência. A Igreja Universal do Reino de Deus possui 21 concessões distribuídas entre a Record, Rede Mulher e Rede Família. Só a Record é dona de 14 emissoras próprias e 49 afiliadas. A Bandeirantes, da família Saad, possui 12 próprias e 57 afiliadas. Ou seja, apenas duas redes controlam 75% da audiência.
(fonte: Intervozes e Donos da mídia)

Nuvens negras sobre a TV Digital


Em plena Copa do Mundo de 2006, o governo federal brasileiro anuncia a escolha do padrão japonês para o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). O que isso significou para a maioria da população brasileira, que têm na TV e no rádio os principais canais de acesso à informação, cultura e entretenimento? Houve debate com a sociedade?

Abaixo, apresentamos um trecho do documento “TV Digital: princípios e propostas para uma transição baseada no interesse público”, produzido pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social – em janeiro de 2006, no qual é feito um breve histórico sobre a implantação da TV digital no Brasil.

A TVD já é debatida no país há mais de dez anos. No segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, foram iniciados testes de campo entre os três sistemas até então em funcionamento (o norte-americano ATSC, o europeu DVB e o japonês ISDB), realizados pela Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV), pela Set (Sociedade de Engenharia de Televisão e Telecomunicações) e pela Universidade Mackenzie. Estudos técnicos e mercadológicos também foram realizados pela Fundação CPqD a partir de demanda da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Ainda em 2002, houve novo aceno em relação à definição acerca do assunto, mas, frente à chegada de um novo governo, o então presidente optou por deixar a decisão ao novo ocupante do Palácio do Planalto.

Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o novo ministro das Comunicações, Miro Teixeira, a definição sobre a TV digital saiu do âmbito da Anatel, onde estava até então, e foi para a pasta de Teixeira. Em novembro de 2003, foi publicado o Decreto 4.901, que institui o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), a estrutura de dois comitês (um gestor e um de desenvolvimento) e um Conselho Consultivo com participação da sociedade civil.

Durante a gestão de Lula, primeiro com Miro Teixeira e depois com Eunício de Oliveira, o governo demonstrou relativa abertura ao debate e acertou ao verificar junto às universidades que pesquisavam o tema a possibilidade de desenvolver componentes que formassem um sistema brasileiro. A partir dos subsídios do CPqD, crescia o debate nas instâncias governamentais e no Conselho Consultivo acerca dos rumos do SBTVD.

Com a entrada do ministro Hélio Costa, em julho de 2005, o que se verificou foi um esvaziamento do debate com a sociedade e uma identificação exclusiva com os interesses dos radiodifusores, especialmente com os das Organizações Globo. Em apenas alguns meses, Costa incorporou à sua pasta a pauta da Abert, negociou incentivos fiscais com o Ministério da Fazenda e vem disputando dentro do governo a adoção de um sistema caracterizado por ser uma levíssima adaptação do ISDB, modelo também defendido pela Abert, que não permite a entrada imediata de novos atores no universo da radiodifusão.

Além disso, o atual ministro esvaziou a discussão com a sociedade no Conselho Consultivo e criou um comitê ad hoc com a participação das emissoras.

O deslocamento do espaço real de decisão contrariou o próprio Decreto 4.901, com o ministro ignorando as posições da sociedade civil e, inclusive, as contribuições do CPqD, órgão responsável pela produção de documentos de subsídio à construção do SBTVD. Os documentos sobre Política Industrial e Marco Regulatório, por exemplo, sequer foram discutidos pelo conselho consultivo. O ministro passou a buscar apoio para a posição das emissoras que, com um ‘ISDB travestido’, garante a manutenção da estrutura concentrada de propriedade e ainda permite às grandes emissoras ocupar um novo nicho transmitindo para receptores móveis (celulares)”.