Questionar um sistema dominado pela ditadura dos rostos bonitos da TV. Ser contra-cultura, contra o racismo e contra a burrificação, lições a serem aprendidas e praticadas pelos mais de 200 estudantes que compareceram ao segundo pré-Erecom “Mídias Alternativas e Movimentos Sociais”, realizado no último sábado no Memorial dos Povos.
Participaram do debate Júlio Araújo, coordenador geral do Fórum de defesa das Rádios Comunitárias do estado do Pará, Adriano Abbade, coordenador do Cacom-Unama e Wellingta Macedo, representante do movimento Quilombo, Raça e Classe, da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas).
“A maioria do povo brasileiro não lê, mas se informa pela ditadora televisão”, disse Júlio Araújo. A TV forma a estrutura de raciocínio do povo, fato que ele denomina como “processo de burrificação”. Assim, Júlio colocou a necessidade de que os estudantes se apropriem do conhecimento para construir um futuro melhor para a comunicação brasileira, com mais conteúdo, afirmou Júlio, criticando os concursos de bunda masculina exibidos pelo Domingão do Faustão.
Adriano Abbade acredita que a concentração dos meios de comunicação, e o fato destes serem guiados por interesses econômicos e políticos, traz uma infinidade de problemas, como a falta de ética no jornal e nas propagandas, o preconceito e a criminalização dos movimentos sociais. Ele criticou a forma como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é retratado, pois os grandes veículos de comunicação não conduzem a população ao debate sobre os problemas sociais aos quais o movimento está ligado.
Segundo Wellinta Macedo o sistema utiliza-se das diferenças para oprimir, e a representatividade do negro na televisão brasileira é um exemplo de como os meios de comunicação são sutilmente preconceituosos e discriminam. Ela afirmou que a questão negra deveria ser discutida mais profundamente, pois a situação é muito mais séria e vergonhosa do que a mídia mostra. “A maioria dos negros brasileiros está fora das universidades e ganha menos, e não é colocando uma Taís Araújo como mocinha que a TV conseguirá esconder o preconceito ou fazer com que ele acabe”.
O segundo pré-encontro foi um sucesso. Debates acalorados e embasados, com quase 250 pessoas na platéia. E ainda tem mais:
Neste sábado (28), 3º pré: “Qualidade de Formação do Profissional de Comunicação na Sociedade Digital”, novamente às 18h, no Memorial.